VOCÊ É LÍDER?


O verdadeiro líder possui características que o distingue do pseudolíder. Este, na sua tentativa de liderar, enxerga somente os benefícios pessoais da liderança. Dificilmente se mantém por muito tempo, e durante este período ocasiona transtornos ou estagnação à organização, mais do que benefícios efetivos. Constatação a que todos chegam, quando o falso líder sai de cena. Todavia, a verdadeira liderança é construída por meio do talento e com muita dedicação. Ninguém se dedica realmente a algo se não tiver paixão! Portanto, todo líder é antes de tudo, um apaixonado.

A liderança é um lugar de vários patamares, desde a mais simples gerência até o comando de países e grandes organizações mundiais. Todavia, em qualquer deles existem elementos caracterizadores dos verdadeiros líderes. Assim como existem vocações para a pintura, música, física, existe talento para liderar. Portanto, LÍDER, NASCE LÍDER! Quem nasce com esse talento, possui uma predisposição mental para organizar elementos tendo em vista um resultado. Quanto mais forte se apresentam as características de liderança, maior será o potencial. Por outro lado, o  falso líder, por mais que se cerque de conhecimentos e de pessoas capazes, dificilmente atingirá o nível da “visão transcendente”, que somente os que nascem líderes possuem.

Transcendência, é uma das primeiras características reveladas na liderança. É a capacidade de superar os limites que se apresentam. O líder nato consegue encontrar soluções onde parece não existir. Automaticamente, transfere suas experiências para a vida de outras pessoas, sempre encorajando-as e despertando nelas suas aptidões. Pessoas com liderança conseguem enxergar nos obstáculos as maneiras de transpô-los. Ao se depararem com os limites dos outros, encontram meios de auxiliá-los em suas superações.

Visão de longo alcance é outra característica de pessoas líderes. Seja quanto a fatos ou pessoas, quem possui visão ampliada enxerga as coisas como um todo, sempre tendo em vista a organização, seus objetivos, e principalmente as aptidões de seus companheiros. Sabe tratar a todos igualmente e lidar diferencialmente com os diversos tipos de talentos. O líder reconhece o potencial da organização levando em conta sua história e as competências das pessoas que trabalham nela. Consegue ver o futuro se antecipando a ele. É o que se chama de “feeling”, ou seja, sentimento antecipado. O líder se antecipa aos acontecimentos. Cria o futuro. Como dizia o grande Peter Drucker, “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”.

Humildade é outro aspecto que o líder nato possui. Não aquela falsa humildade que logo se perde quando se é questionado ou afrontado. Trata-se da humildade por razões mais nobres, por estar em jogo o interesse da coletividade e o futuro da organização. Por isso “abaixa a cabeça”, sabendo exatamente o momento em que  terá de levantá-la novamente sem soberba. Ao conseguir o êxito, divide-o com todos, pois entende perfeitamente que não conseguiu sozinho. Sabe respeitar o próximo mesmo que não sinta admiração por ele. Líder não “puxa saco”, mas sabe elogiar quem merece, seja quem for. Reconhece seus erros e com isso ensina aos outros a fazerem o mesmo.

Reconhecimento das pessoas é consequência na vida do líder verdadeiro. Ele não necessita ser chamado pelo título do cargo que ocupa. Não trabalha com maior ou menor dedicação em virtude de elogios. As pessoas reconhecem sua liderança pelo que é, e pelo que faz, e não pelo que se denomina ser. É muito comum ocorrer em organizações, liderados dizendo: “será?”, quando se referem a pseudolíderes. Como diz o livro “A tormenta das espadas”, de George R. R. Martin, “qualquer homem que tenha que dizer ‘eu sou rei’ não é rei de verdade”.  

Altivez, pode parecer um contrassenso à humildade, mas é no sentido do amor próprio. É impossível a liderança na vida de alguém acanhado, que não confia em si mesmo. Alguém desprovido de amor próprio, não tem confiança em seu potencial. É necessário àquele que lidera, saber reconhecer seu próprio valor e valorizar-se, impondo-se na medida certa, e principalmente, no momento certo.

Ensino, é algo que o líder faz automaticamente, seja com palavras ou atitudes, mas principalmente com estas. Não teme perder o “know-how” ao repassar o que sabe, pois o objetivo não é a sua pessoa, mas a organização. Se todos ganham, o líder ganha. Se todos perdem, ele perde.

Empatia é outro ingrediente da personalidade do líder. Ela se revela na capacidade de perceber de que modo uma pessoa sente ou pensa. Mas a empatia por si mesma não é vantagem alguma. Ela servirá de ferramenta quando a pessoa que a utiliza, for capaz de dirigir o sentimento ou o pensamento do outro à serviço da organização e do bem comum. É colocar-se no lugar do liderado e por isso respeitá-lo. Há pessoas (pseudolíderes) que utilizam essa capacidade de percepção para seus próprios fins e até mesmo manipulam outros. Quando isso ocorre, fatalmente, mais cedo ou mais tarde, o falso líder não se manterá no poder, pois cometerá erros maléficos e imperdoáveis.

Poder de persuasão é a característica marcante de líderes, pois trazem confiança, sabem encontrar os potenciais e apresentam alternativas de mudanças. É o momento crucial para arregimentar pessoas e fazer com que elas acreditem no mesmo ideal. Mas a persuasão não permanecerá se o líder não estiver lado a lado no projeto, não arregaçar as mangas e colocar a “mão na massa”. O líder convence principalmente pelo exemplo.

Domínio próprio é o domínio de si mesmo. Ninguém consegue efetivamente dominar qualquer coisa, se não dominar seus ímpetos, iras, fraquezas, e até mesmo suas virtudes, pois não há nada mais inconveniente do que demonstrar virtudes em momento errado. É o que o esnobe sempre faz ao exibir-se. É sábio aquele que deixa para mostrar o que é ou o que sabe no momento oportuno, voltando suas energias para o alcance dos objetivos almejados por todos e não para o seu deleite exibicionista. As pessoas, geralmente, não gostam de seguir pessoas assim. Acaso isso ocorra é por total falta de opção.

Enfrentar seus medos deve ser uma constante na vida de um líder. Principalmente o medo de errar, de ser censurado ou rejeitado. O líder é alguém cercado de pessoas, mas ao mesmo tempo é um solitário. O medo de errar é algo constantemente combatido. E esse combate se dá justamente na solidão, quando o líder analisa não somente os aspectos técnicos de sua liderança, mas principalmente se avalia, compreende suas reais motivações, para que estas não o pegue de surpresa. O grande peso é a responsabilidade. Quando se erra como líder, os erros são proporcionais ao tamanho da liderança. Contudo, o temor não suplanta no comandante suas possibilidades de vitórias.

Responsabilidade. É uma palavra forte. O senso de responsabilidade de uma pessoa envolve a sua experiência de vida, a paixão pelo projeto, e também o seu caráter. Sem esses elementos, qualquer um começa qualquer coisa e termina da mesma forma, ou seja, de qualquer jeito. A responsabilidade é a balança, a medida entre a paixão, desejo de realização e a gravidade das consequências. Se ela pender muito para um lado, ocorrerá a leviandade. Se pender demais para o outro, poderá significar a estagnação. A responsabilidade é uma balança que o líder mantém sempre diante de si, fazendo-o recordar quem ele é e qual o seu papel.

Servir! É principalmente diante dessa característica que os falsos líderes sucumbem. Líder que não serve, não serve para ser líder. Toda filosofia existencial de um líder é voltada para o outro e para o todo (a organização). A maneira de raciocinar de um líder é automaticamente convergida para a organização de elementos com vista a um resultado. Ele nunca pensará no indivíduo fora do todo, mas integrado e realizado nele. Ele sabe que as pessoas também se sentem bem quando estão integradas e realizando suas competências. O verdadeiro líder não se sentirá pleno em sua tarefa enquanto os outros também não se sentirem da mesma forma. Portanto, liderar é doação, é servir a algo mais relevante que si mesmo. É fácil identificar um líder, quando se percebe em suas atitudes a utilização de todas as suas virtudes em prol de um objetivo e não dele mesmo. Aí está um líder.

Mudança. Para muitos uma palavra de horror, pois o cômodo é mais confortável. Para o verdadeiro líder é estimulante, instigante. Mas, aqui vai uma alerta aos líderes e não uma explanação de suas características. A liderança muitas vezes, faz com que não se perceba o momento do próprio líder mudar de organização. E muitos podem ser os motivos para isso. Seja como for, o bom líder deve viver preparado para esse dia. Ele inevitavelmente chegará, sendo na forma de mudança de uma organização para outra, sendo por meio da mudança da própria organização. Isso é decorrência natural dos tempos atuais e dos vindouros. Líder que é líder, fica atento às mudanças fora e dentro de si.

As características aqui desenvolvidas não esgotam o assunto, visto que, alguém com poder de liderança, é antes de tudo uma pessoa surpreendente. Portanto, suas virtudes surgem à medida que as situações se apresentam. Isso revela mais outra capacidade da liderança, que é a manifestação das atitudes certas nas mais diversas circunstâncias.  

É muito comum encontrar pessoas desejando cargos de liderança. O que a maioria não entende, é que ser líder não é escolha, mas sim vocação, talento, dom. Assim como ninguém escolhe ser alto ou baixo, branco ou negro, não se escolhe ser líder, mas nasce líder. O que pode ocorrer à uma pessoa com talento para liderança, é que poderá escolher não liderar, ou não encontrar oportunidade para isso. No entanto, sempre que uma situação se apresentar à ela, saberá como agir, o que fazer e como fazer, mesmo que permaneça calada ou imóvel. Dentro de si, as respostas e soluções jorrarão  como uma fonte inesgotável. Quem é líder sabe reconhecer esse sentimento que aqui está sendo dito.

A liderança, na maioria das vezes, cobra caro daqueles que possuem o seu dom. Todavia, ninguém deve sofrer por ela, mas deve ser buscada com força e suavidade, com garra e com benevolência, principalmente consigo mesmo. E saber que o melhor da liderança não é somente alcançar os objetivos, mas também viver as experiências que se encontram pelo caminho, assim como flores ao longo da estrada. Entretanto, com a diferença de que as experiências ensinam e servem de matéria-prima para o futuro. E para um líder, não existe nada mais fascinante que o futuro.

Raquel Michelline


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