BRASIL: SEXTA ECONOMIA DO MUNDO, SEIS MINISTROS E A CESTA BÁSICA


O jornal britânico The Guardian citando uma equipe de economistas noticiou que o Brasil subiu para a colocação de sexta economia do mundo. A crise bancária de 2008 e a subsequente recessão deixou o Reino Unido no sétimo lugar em 2011, atrás da maior economia da América do Sul. A notícia correu o mundo e não é mais novidade.
Por aqui, nós temos a saída de sete ministros do governo Dilma, sendo seis deles por motivos de corrupção. E o outro, dentre outras coisas, por fazer críticas indiscretíssimas aos outros ministros.
Pela leitura dessa introdução pode passar pela mente de quem lê que a abordagem aqui será de crítica ao governo Dilma pelos constantes escândalos de corrupção. Mas não será. É obvio que o tema corrupção será abordado, mas este não é ponto central desse discurso. A preocupação é mais profunda e tão antiga quanto a própria tradição cultural da corrupção que o Brasil amarga.
A reflexão começa com uma afirmação de Douglas McWilliams, chefe-executivo do Centro de Pesquisa para Economia e Negócios – CEBR - Reino Unido: “Nossa tabela de classificação econômica mundial mostra como o mapa econômico está mudando, com os países asiáticos e as economias produtoras de commodities subindo para a liga, enquanto nós, na Europa, recuamos". O brasileiro mais afoito e surpreso com a notícia de seu país estar na sexta posição econômica do mundo fica entusiasmado.
A alegria com a notícia não é pra menos, e deve sim ser comemorada, e muito. Afinal, por quanto tempo ouviu-se notícias desanimadoras pelos jornais. Tinha-se a impressão que o Brasil não havia nascido pra dar certo. Lembro-me de uma sátira que costumava ouvir, de que o brasileiro deveria devolver o Brasil para os índios e pedir desculpas. Era bem assim mesmo que muitos ‘filhos da mãe gentil’ se sentiam, planos após planos econômicos; dívidas com o FMI, governos impostos e não escolhidos pelo voto, e quando finalmente escolhido, o brasileiro vê a sua poupança ‘saqueada’ e um impeachment pra coleção das suas decepções. Sim! Vamos comemorar o sexto lugar como se fosse final de Copa do mundo, afinal lutamos e sofremos tanto e sempre acreditamos em um país melhor. O Brasil como o país do futuro.
Brasil o país do futuro. É exatamente neste ponto que devemos nos reportar às afirmações de McWilliams, e não somente à isso, mas a entender o que significa tal posição na economia mundial.
Dentre muitas coisas que tem mudado radicalmente no mundo inteiro, como por exemplo, a mistura cultural devido a globalização, instabilidades econômicas e sociais, inclusive mudanças sociais significativas como as que tem ocorrido no mundo árabe com a chamada ‘Primavera árabe”, os avanços tecnológicos e suas infinitas consequências, etc. Uma das mudanças que mais me chama a atenção é a mudança do entendimento do termo ‘futuro’.
Estamos vivendo um tempo ímpar na história da humanidade. Um momento tão radical e significativo que é capaz de alterar o nosso entendimento a cerca do tempo. Há bem pouco tempo atrás, esse mesmo tempo de que estamos falando era bem divido pelo entendimento claro de passado, presente e futuro. Atualmente, as três fases temporais se misturam. Em algumas circunstâncias e fatos, parece se tornar impossível estabelecer a divisão exata entre elas. O que se vive hoje é tão radicalmente rápido que foi, ou é, capaz de alterar o próprio tempo.
Isso que foi afirmado acima é o que ronda a mente preocupada dos maiores líderes mundiais: “Por quanto tempo estaremos nesta posição?” “Como permanecer?” “Como ganhar posição?”
Não há garantias para nada e ninguém. Esta parece ser a única realidade até então imutável.
Mas existe uma outra realidade imutável neste mundo em metamorfoses. Uma realidade reforçada pelo próprio combustível que faz com que tudo seja alterado a cada momento: o conhecimento. E neste ponto retornamos à McWilliams quando diz que as economias produtoras de commodities estão subindo. Geralmente as commodities são produtos que não passaram por industrialização, são em geral matérias-primas. Ou seja, o que elevou o Brasil de categoria não é produto do conhecimento tecnológico ou científico aplicado, mas tão somente, produzimos e exportamos aquilo que o homem faz desde a pré-história. O que rebaixou o Reino Unido na economia mundial foi não saber administrar as mudanças globais. Diante do mundo altamente tecnológico e de superações das descobertas, fica claro entender que para o Brasil, ou qualquer outro país, que queira estar no topo do mundo no futuro (um futuro muitas vezes com aspecto de passado devido a fluidez dos acontecimentos), deve buscar o seu potencial no material humano. E isso se dará através de uma educação holística.
E o que é uma educação holística? Para os dias atuais e futuros, a educação deverá ir além do saber didático, do conhecimento físico-matemático, além da educação apresentada nos bancos escolares em todo o mundo até hoje. O futuro ainda desconhecido, mas que logo chegará, exigirá de todos, indivíduos ou países, um conhecimento profundo da natureza irracional e humana. Um entendimento sobre aspectos de preservação ambiental, preservação e expansão da própria humanidade. É pra isso que o mundo caminha.
Poderia fazer uma análise sobre as necessidades globais. Mas como brasileira, no início do ano de 2012, falar sobre o Brasil é por diversos motivos mais apropriado. Principalmente porque o mundo parece olhar para cá. E aqui, a sexta economia do mundo precisa ainda fazer uma lição de casa tão antiga quanto a sua própria história, para poder finalmente embarcar para o futuro que aguarda o mundo todo: acabar com uma cultura de corrupção e criar uma cultura de educação, deixando de dar cestas básicas aos pobres e passar a dar um futuro.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
(Trecho do Hino Nacional brasileiro)

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