NAVEGAR NA INTERNET: O NOVO MUNDO



Começo e termino citando o Poeta Fernando Pessoa que em seu poema, por sua vez, citou o general Pompeu que disse aos marinheiros amedrontados que se recusavam a navegar durante a guerra "Navigare necesse; vivere non est necesse".
A internet é uma criação extremamente recente e sua história pode ser dividida sob quatro aspectos que abaixo são apenas citados:
1) A evolução tecnológica que começou com as primeiras pesquisas sobre trocas de pacotes e a Arpanet e suas tecnologias, e onde pesquisa atual continua a expandir os horizontes da infra-estrutura em várias dimensões como escala, desempenho e funcionalidade de mais alto nível;
2) Os aspectos operacionais e gerenciais de uma infra-estrutura operacional complexa e global;
3) O aspecto social que resultou numa larga comunidade de internautas trabalhando juntos para criar e evoluir a tecnologia;
4) E o aspecto de comercialização que resulta numa transição extremamente efetiva da pesquisa numa infra-estrutura de informação disponível e utilizável.
Os primeiros registros de interações sociais que poderiam ser realizadas através de redes foi uma série de memorandos escritos por J.C.R. Licklider, do MIT – Massachussets Institute of Technology, em agosto de 1962, discutindo o conceito da "Rede Galáxica".
Portanto, é difícil localizar historicamente a posição da criação da internet. Entretanto, o mais interessante para pessoas simples, cidadãos comuns (ou não...) é o poder que esse veículo de comunicação e conhecimento possui. Isso é indiscutível!
Os últimos acontecimentos mundiais, seja na economia, política, filosofia, ou em qualquer outro ramo da sociedade mundial, foram extremamente influenciados ou divulgados pela internet. É um poder absoluto!
Pela primeira vez na história da humanidade, existe um “palanque” democrático, no sentido de que qualquer um pode ser ouvido, e pode arrastar multidões com ele. Um exemplo tremendo disso são as revoluções no mundo árabe, a chamada Primavera árabe, que fez com que ditadores de décadas perdessem o poder em dias, meses. Caíram como dominó: Zine el-Abdine Ben Ali (Tunísia); Hosni Mubarak (Egito); Muamar Kadafi (Líbia) e até aqui, Ali Abdullah Saleh (Iêmem). Mas não é somente o mundo árabe e seus líderes que sentiram o chão tremer sob seus pés. Nos EUA, pessoas foram às ruas de maneira organizada pela internet, principalmente, através das redes sociais, no que se denominou de Occupy Wall Street. E o mais recente e ainda não ocorrido, mas com data marcada para 4 de fevereiro, serão os protestos que deverão acontecer em Moscou que desafiará o autoritarismo do Primeiro-ministro Vladimir Putin exigindo a anulação das eleições parlamentares de 5 de dezembro de 2011, sobre as quais pesam acusações de fraude generalizada.
O porquê da relação entre a internet e o descobrimento do novo mundo no período das grandes navegações (século XV–XVII), está no fato de que na época dos descobrimentos havia intensas instabilidades em todos os ramos da sociedade, assim como hoje. As grandes descobertas trouxeram profundas mudanças não somente econômicas devido as explorações das terras descobertas, mas também ocorreram alterações sociais, culturais pela implantação das culturas descobertas. Ocorreram quebras de paradigmas sociais e descobrimentos dos sofismas da época. O mapa mundial foi alterado e novas terras surgiram.
Os países que foram colonizados no período dos descobrimentos, foram por exemplo os Estados Unidos (ingleses); Canadá (ingleses e franceses); Brasil (portugueses). Argentina, México, Peru, entre outros na América, tiveram colonização espanhola. Os países africanos foram colonizados pelos europeus. A Oceania, tanto a Austrália quanto a Nova Zelândia foram colonizadas pela Inglaterra. Mas, atenção: o relevante aqui é que a maneira como foram colonizados geram consequências sociais até os dias atuais.
A internet é ainda uma terra a ser desbravada, descoberta. Nem mesmo os maiores especialistas em tecnologia ou de mídia conseguem avaliar atualmente o poder que ela realmente representa, nem o real alcance e efeitos que possui. Mas já é o suficiente para saber que o mapa do mundo está sendo mudado pela sua navegação. Tal mudança é cultural, política, econômica, religiosa. E os desbravadores? Somos todos nós. E quem somos “nós”? Todos aqueles que souberem e tiverem a conscientização do poder desse veículo. E como ocorreu nos séculos XV–XVII, é possível “colonizar” povos, levantar multidões, quebrar paradigmas. Mas há, no entanto, uma diferença substancial neste século: os navegadores são conscientes sobre a sua espécie humana, sobre seus semelhantes, o direito à vida, honra e existência digna. No século XXI das transformações tecnológicas existe uma realidade social internáutica ocorrendo nos click's do mouse, nas mensagens, compartilhamentos, RT's, fazendo desse “Novo Mundo” um instrumento para tornar mais justo o “Velho Mundo”. E como ocorreu antes, como "desbravamos" hoje, dependerá o futuro.
Nisso é que pensam os desbravadores do nosso tempo ao promover as revoluções atuais.
Esta postagem é uma homenagem àqueles que estão morrendo ou sofrendo violência por desejarem um mundo melhor: Tunísia; Egito; Líbia; Iêmem; Irã; Síria; Europa; EUA, Rússia.


"Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça." (Fernando Pessoa, 1888-1935)
Fonte:
A Brief History of the Internet: por Barry M. Leiner, Vinton G. Cerf, David D. Clark, Robert E. Kahn, Leonard Kleinrock, Daniel C. Lynch, Jon Postel, Larry G. Roberts e Stephen Wolff.

Comentários

  1. Realmente estamso diante de uma grande fonte de conhecimento ainda não desbravada em todo o seu conteudo. é sim uma terra que ainda precisa ser descoberta.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas