RIO + 20 + VOCÊ, EU E O MUNDO INTEIRO
Ontem
começou a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a
Rio+20. Está ocorrendo entre os dias 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio
de Janeiro. A Rio+20 é assim conhecida porque marca os vinte anos de realização
da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92)
e deverá contribuir para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para
as próximas décadas.
Deixando
qualquer tipo de crítica de lado, e ao mesmo tempo não fazendo desse evento a
salvação do mundo (o que não é), o que resta a uma pessoa com a mínima noção de sociedade é
aceitar o fato, irremediável, de que todos os habitantes deste planeta estão em crise.
Seja crise econômica, de alimentos (pobreza), e até mesmo moral, o que ocorre
há milênios é uma crise existencial do ser humano neste mundo. Crise essa que
tem se agravado à medida que a população mundial aumenta, os recursos naturais
diminuem e as soluções eficazes não surgem.
Historicamente,
é a primeira vez que o homem habitante desse sistema se encontra sem saída. Até
então, quando havia escassez em determinado lugar, os líderes (reis e
imperadores) procuravam recursos ou mercado em outro local. Foi desta forma que
as Américas foram descobertas e exploradas, além de outros países e continentes
que passaram pelo mesmo processo.
As
duas grandes guerras que o mundo viveu até hoje são consequências destas descobertas
e explorações. Haja vista que a 2ª Guerra mundial foi consequência da 1ª Guerra,
que por sua vez, nasceu da rivalidade entre os países europeus pela corrida
colonialista de controle de territórios na África e na Ásia. Naquela época, os
europeus se julgavam superiores aos africanos e asiáticos e encaravam com muita
naturalidade a ideia de dominar os povos considerados "inferiores"
para explorar suas riquezas. Somente para complementar e
aguçar o entendimento, a segunda guerra, teve como consequência mais recente a
atual guerra terrorista, que inaugurou o século 21 com o atentado às torres
gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. Ou seja, o crescimento
e desenvolvimento mundial até aqui, não redundou em boas colheitas para a
humanidade.
No
entanto, o que chama mais a atenção, é o fato de que se vive no século 21, mas o
pensamento é da época das colonizações. Ainda se entende e age como se populações
e pessoas fossem seres “inferiores”. Esta é a atitude da grande parte daqueles
que detêm o poder econômico-financeiro-educacional. E estes não se encontram
somente nos países mais ricos. Existem também em países muito pobres, onde a
minoria oprime a maioria. Existe na atitude de cada pessoa que é capaz de viver
anos e anos (independentemente de sua raça, sexo ou credo) sem sequer fazer
algo para diminuir as desigualdades à sua volta. Desigualdade essa, não somente econômica, mas também educacional, moral e até mesmo afetiva. Quando qualquer
pessoa age com indiferença com relação à outra, sua atitude traduz o seu
inconsciente: “ela não sente ou pensa porque é incapaz (inferior) de sentir ou
pensar como um ser humano”.
Agora...
a questão não é mais sentimental, filosófica, piegas, ou romântica. Ela é real,
histórica e está às portas. O que fazer com um planeta que não se sustenta
mais? O que fazer com as crescentes populações carentes? O que fazer com uma
economia que parece não estar mais dando certo? O que fazer se não há mais para
onde ir?
No
início desta, surgiu o termo crise. De que cada habitante deste mundo está em
crise. Em guerra consigo mesmo, com o outro e com o planeta. A Rio + 20, eu,
você, estamos todos procurando uma solução. O caminho é deixar de lutar com o próprio
interior, entre o que é melhor para mim e não para o outro; abandonar a guerra sempre
por melhores posições, e deixar de explorar a natureza como se fôssemos
selvagens em cima da presa. Somente assim o mundo ficará em paz! Afinal, o
mundo só será melhor quando for para todos. Caso contrário, não há saída.
Solução simplória? Não. Dificílima, afinal, se fosse fácil, já teríamos
encontrado o caminho, pois sempre soubemos a resposta. Todavia, não é
impossível!
Todo
líder sabe, efetivamente, o quanto é difícil abrir mão do lucro, cortar
recursos, demitir pessoas, dentre outras atitudes necessárias em momentos de
crise. Os líderes mundiais estão com uma grande decisão para tomarem. Em jogo
está não somente a economia, suas posições, mas também o futuro de suas
próprias nações, que terão que reduzir, por exemplo, a emissão de gases tóxicos.
Na outra ponta, estão milhares de famílias que dependem direta ou indiretamente
desses meios. Mais adiante, está o giro da economia dentro e fora do país - a economia mundial.
Mas
a questão não se restringe somente à economia. A cultura humana é predadora. Existe
um posicionamento social do homem voltado ao ter, no sentido mais amplo do
termo. Portanto, uma tentativa de solucionar a crise mundial não está somente
em um aspecto, mas em vários, e principalmente na formação de cada indivíduo. Neste,
o problema se torna ainda mais difícil, visto a grande massa de pessoas. Mudar uma
cultura leva-se muito tempo, requer muitos esforços, mas principalmente, quem,
ou o que determina qual cultura implantar? O mundo corre então, um sério risco
dos absurdos, do autoritarismo, da imposição de normas e regras. E quando isso
ocorre, vive-se as atrocidades humanas, infelizmente tão comuns na história da
humanidade. Nada que é imposto, ou que retire a liberdade das pessoas, sejam
elas quem forem e qual número, não pode dar certo ou prosperar.
Entretanto,
se por um lado, o homem possui uma cultura destrutiva, por outro, não é essa a
sua natureza. E qualquer solução que se pretenda dar, deve levar em conta a
natureza humana. Qualquer bom administrador sabe que uma cultura só muda a
partir do interior, de dentro para fora. E não o contrário.
Fácil?
Não.
Possível,
necessário e urgente.
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A
proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela Assembléia-Geral das
Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009.
Objetivo:
a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio
da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas
pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e
emergentes.
A
Conferência possui dois temas principais:
- A economia verde no contexto do desenvolvimento
sustentável e da erradicação da pobreza; e
- A estrutura institucional para o desenvolvimento
sustentável.
A
Rio+20 será composta por três momentos:
-
De 13 a 15 de junho, está prevista a III Reunião do Comitê Preparatório, no
qual se reunirão representantes governamentais para negociações dos documentos
a serem adotados na Conferência.
-
Entre 16 e 19 de junho, serão programados os Diálogos para o
Desenvolvimento Sustentável. Haverá a presença de destacados representantes da
sociedade civil, incluindo setor privado, ONGs, comunidade científica, entre
outros, estarão reunidos no mesmo local da Conferência Rio+20 para uma
discussão franca e orientada à ação sobre temas prioritários relacionados ao
desenvolvimento sustentável. Não haverá participação de governos ou agências
das Nações Unidas. As recomendações que resultarem dos Diálogos serão levadas
diretamente aos Chefes de Estado e de Governo presentes na Cúpula.
Serão
debatidos dez temas, a saber:
(1)
Desenvolvimento Sustentável para o combate à pobreza;
(2)
Desenvolvimento Sustentável como resposta às crises econômicas e financeiras;
(3)
Desemprego, trabalho decente e migrações;
(4)
A economia do Desenvolvimento Sustentável, incluindo padrões sustentáveis de
produção e consumo;
(5)
Florestas;
(6)
Segurança alimentar e nutricional;
(7)
Energia sustentável para todos;
(8)
Água;
(9)
Cidades sustentáveis e inovação; e
(10)
Oceanos. Todos os debates serão transmitidos ao vivo no website das Nações
Unidas.
A
iniciativa dos Diálogos está sendo lançada por meio de uma plataforma digital (www.riodialogues.org)
com o objetivo de criar um espaço de discussão amplo e interativo. Os debates
on-line em cada um dos dez temas dos Diálogos serão facilitados por
pesquisadores de alguns dos principais centros acadêmicos mundiais. A
plataforma está acessível em quatro idiomas (português, inglês, francês e
espanhol) e contém ferramenta de tradução instantânea de comentários para 40
idiomas.
A
expectativa brasileira ao estabelecer essa ponte inovadora entre a sociedade
civil e os Chefes de Estado e de Governo é contribuir para a incorporação e
engajamento dos atores interessados, no entendimento de que a participação
pública é essencial para a promoção do desenvolvimento sustentável como o
paradigma para a ação.
-
De 20 a 22 de junho, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Conferência, para o
qual é esperada a presença de diversos Chefes de Estado e de Governo dos
países-membros das Nações Unidas.
Raquel Michelline
Fonte:
http://www.rio20.gov.br/
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